PRIMEIRA VEZ

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Enquanto isso...

O amor proibido.

Ele se chama João, seu melhor amigo, Fred. Os dois tinham uma relação de irmãos, inseparáveis em todas as proezas e feitos que os adolescentes aprontam. Estudavam no mesmo colégio, na mesma sala e até tinham interesses pelas mesmas garotas, mas não que isso fosse um problema, o que é meu é teu, dizia Fred.
O tempo foi passando e ambos crescendo, virando homens, os pêlos aparecendo, as vozes engrossando, os músculos ficando sobressalentes e João foi descobrindo que existia algo a mais no seu sentimento por Fred. Por diversas vezes, ao chegar de uma festinha ou então depois de rodadas e rodadas de videogame, ambos dormiam na casa de João, e ele então olhava seu amigo dormindo, no colchão ao lado de sua cama, de um modo todo especial, adorando-o enquanto a luz do luar desenhava seu corpo na escuridão.
E esse sentimento foi crescendo e se tornando algo imenso, tão grande que já não cabia dentro do peito, sufocava-o cada vez mais, doía sempre que Fred contava suas experiências com as meninas e João não agüentava mais chorar sozinho no quarto.
Certa noite resolveram sair, havia uma festinha da turma da escola em um barzinho e lá Fred se encontraria com uma menina com quem estava ficando. Cervejas, vinho, música alta, alegria geral. João se divertia muito, embriagado, até o momento que se deu conta que seu amigo estava se apaixonando pela garota, quando os viu se beijando muito intensamente.
No caminho de volta para casa, vinham apenas os dois, Fred e João, e o silêncio se fazia presente no trajeto todo. Ao adentrar a casa, o que há com você, perguntou Fred e continuou ouvindo apenas o silêncio como resposta. Já no quarto, num ímpeto desesperado, os dois já haviam deitado, ouviu-se um lamurio, eu te amo, balbuciou João, enquanto Fred exclamou um “ãn” em alto e bom som. Foi isso mesmo que você ouviu, eu te amo porra, falou João já chorando, maldita cerveja que te fez falar merda, Fred retrucou assustado com a situação.
Era de manhã e Fred preferiu nem tomar café, foi direto para casa.
Segunda feira na escola eles mal se falaram e as coisas ficaram meio estranhas entre eles, pois já se sentaram longe um do outro, não passaram o intervalo juntos e muito menos foram embora rindo das sacanagens que fizeram na escola. Estava tudo diferente entre eles.
Ao longo dos 3 meses seguintes, Fred foi entendendo seu amigo, percebendo que seu sentimento era verdadeiro e não fruto de embriagues. Porém ele nada podia fazer, eu gosto de mulher, era como ele se desculpava mentalmente. João ainda gostava muito do seu amigo, mas entendia que era um amor proibido e que era melhor partir para outra, ou outro melhor dizendo.
No final do ano, a correria do vestibular deixou-os meio isolados e Fred passou para uma universidade que ficava em outro estado, teriam que ficar longe sabe-se lá por quanto tempo. Na despedida João desejou-lhe tudo de bom, mas disse que ainda o amava e que esse sentimento ficaria para sempre em seu coração, ganhou um beijo no rosto de Fred e um forte abraço.
Demorou pelo menos uns 2 anos, mas João superou tudo isso, conheceu pessoas novas e até namorou com um rapaz, mas ele sabe que lá no fundo, bem lá no fundinho, seu único e verdadeiro amor continua com o mesmo nome: FRED.

Espero por vocês!